sexta-feira, 1 de junho de 2012

Pesquisa: "A Gaivota" de Anton Tchekhov



O texto "A Gaivota" de Anton Tchekhov de 1895, é o nosso ponto de partida de pesquisa. Nós estamos escolhendo possíveis fragmentos para a montagem de nosso trabalho cênico de intervenção na cidade de Pelotas, chamado Olhar do Outro.



Eu, Tatiana Duarte, escolhi o trecho da página 95, este que me marcou muito em 2005 quando prestei vestibular na UFRGS para um teste especifico onde fui aprovada mas acabei não cursando, tinha receio de não gostar deste livro, mais quando li esse texto chorei, e foi super importante em minha vida. A relação da personagem Nina ao perceber o que ela realmente procura em sua profissão, e o que é ser atriz, mesmo com as dificuldades, quando li, percebi em mim mesma que também estou nesta busca, esboçado neste sensível trecho.





p.95 "...por que você disse que beijava a terra em que eu pisava?  O certo seria me assassinar. (inclina-se na mesa) Estou tão esgotada! Quem me dera poder descansar... descansar! (levanta a cabeça) Eu sou uma gaivota... Não, não é isso.
Eu  sou uma atriz. É isto! (ouve o riso de Arkádina e de Trigórin, põe-se á esquerda e olha pelo buraco da fechadura) Ora... Não e nada... Sim...
Trigorin... Não acreditava no teatro, sempre ria dos meus sonhos, e assim, pouco a pouco, eu também fui deixando de acreditar e caí num desânimo... E então vieram as aflições do amor, os ciúmes, os receios incessantes com o bebê... Eu me tornei mesquinha, fútil, representava de forma leviana...
Não sabia o que fazer com as mãos, não sabia como me postar no palco, não dominava a minha voz. Você nem pode imaginar o que é isso, um ator perceber que está representando pessimamente. Eu sou uma gaivota. Não, não é isso... Lembra que você matou uma gaivota com um tiro? Um homem chegou por acaso, viu uma gaivota e, por pura falta do que fazer, matou a gaivota... O tema para um pequeno conto. Mas não é isso... (Esfrega a testa com a mão) Do que eu estava falando... Falava sobre o teatro. Agora não sou mais assim... Sou uma atriz de verdade, represento com satisfação, com entusiasmo, uma embriaguez me domina no palco e eu me sinto bela. Agora, enquanto estou aqui, caminho o tempo todo, caminho e penso, o tempo todo, caminho e sinto que meu espírito se torna mais forte a cada dia... Agora eu sei, Kóstia, agora eu compreendo que no nosso trabalho, representando no palco ou escrevendo, oque importa não é a glória, não é o esplendor, não é aquilo com que eu tanto sonhava, mas sim a capacidade de suportar. Aprenda a carregar a sua cruz e acredite. Eu acredito e, assim, nem sofro tanto e, quando penso em minha profissão, não sinto medo da vida.



Post por Tatiana Duarte

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